O Projeto Enfrentamento da
Crise da Profissão de Jornalista (Enprojor) foi apresentado neste
domingo (24) na quinta edição do tradicional Festival Doces
Palavras (FDP), em Campos dos Goytacazes (RJ), a profissionais da
imprensa local. O jornalista Marcello Riella Benites, um dos
coordenadores do projeto, participou de uma mesa no evento, com os
colegas Ocinei Trindade e Liliane Barreto, que foi a mediadora.
"Resiliência
da imprensa regional e caminhos para enfrentar a (eterna) crise do
jornalismo" foi o nome da mesa. Liliane, que é assessora de
imprensa da prefeitura, introduziu o tema. Lembrou que pessoas
comuns, não jornalistas, com um celular, podem hoje ser grandes
divulgadores de notícias. "O problema é a qualidade dessa
informação. Raramente elas verificam os vários lados de uma
situação, como faria um jornalista".
Já
Marcello relacionou a crise com o atual quadro global, em que
empresas big techs, como Facebook e Instagram, faturam fortunas com a
conexão permanente das pessoas. "O poderosíssimo interesse
econômico dessas plataformas praticamente 'se
casa' com o
objetivo de setores de extrema direita em propagar o medo por meio de
fake news. O medo é extremamente eficaz para manter as pessoas
conectadas". Segundo ele, a desinformação extremista não só
rouba o público consumidor de notícias, como ataca fortemente os
jornalistas, que apontam os erros das fakes.
História
Ocinei
Trindade, que atua no jornal Terceira Via, ressaltou a importância
da crise para as mudanças positivas e lembrou a história da
imprensa no Brasil, iniciada em 1808, com a chegada da família real
portuguesa. Ele mencionou o assassinato de Líbero Badaró, que
escrevia na imprensa contra Pedro I, até hoje suspeito de ter sido
mandante do crime. "Sempre vivemos sob o fantasma da censura e dos
ataques, tanto no Império, quanto no Estado Novo e na Ditadura
Militar, e também nos últimos quatro anos".
Busca
de saídas
Saídas
para a crise foram indicadas por Riella, como adequar os currículos
das faculdades às necessidades dos públicos e do mercado, e apoiar
jornais e emissoras na cobrança dos conteúdos jornalísticos
acessados via plataformas. A principal estratégia apontada, porém,
foi a luta para fazer o diploma de ensino superior voltar a ser
exigido para o exercício da profissão, regra que foi dispensada
pelo STF em 2009. "Devemos apoiar fortemente a aprovação da PEC
do Diploma, que tramita no Congresso Nacional".
O
Enprojor e o FDP
O
Enprojor realiza encontros trimestrais entre
jornalistas, discutindo as situações que afetam o ofício, além de
planejar e executar ações para viabilizar a profissão. Outras
informações sobre o grupo de pesquisa-ação podem ser conferidas
no link:
https://www.releiturasemcomunicacao.com.br/l/chat-gpt-e-jornalismo-nos-humanos-somos-necessarios/
O
Festival Doces Palavras (FDP), que
acontece desde 2015,
movimenta centenas de atores culturais e artísticos do município.
Realizado neste ano, de 22 a 24 de setembro, foi
organizado pela Associação de Imprensa Campista e Academia Campista
de Letras, em parceria com a prefeitura. E teve ainda o apoio da 12ª
subseção da OAB, Câmara de Vereadores, Uenf, IFF e Liceu de
Humanidades de Campos.